Uma entrevista de entrevistas

<em>Álvaro Cunhal ao </em>Avante!

En­quanto se­cre­tário-geral do PCP, Álvaro Cu­nhal teve pre­sença fre­quente e des­ta­cada nas pá­ginas do órgão cen­tral do Par­tido. Através de al­guns ex­certos, re­cor­damos aqui al­gumas das en­tre­vistas pu­bli­cadas du­rante a úl­tima dé­cada de in­tensa ac­ti­vi­dade po­lí­tica do ca­ma­rada.
Go­verno com mai­oria ab­so­luta

Avante! - Dizem al­guns que o PSD ga­nhou as elei­ções e por isso tem di­reito a re­a­lizar o seu pro­grama.
A.C. - Um novo governo resultante de uma nova maioria pode legitimamente ter o seu programa próprio, pode modificar a política. Mas obrigatoriamente no quadro do regime. Não é de admitir que sempre que se forma uma nova maioria seja posto em causa o regime democrático.

Ve­ri­fi­cado o agra­va­mento da si­tu­ação, re­sul­tante das elei­ções de 19 de Julho, para al­guns ob­ser­va­dores põe-se a questão de saber se foi justo co­locar na ordem do dia a de­missão do Go­verno sem es­tarmos se­guros de uma al­ter­na­tiva.
A questão diz respeito ao Governo de Cavaco Silva e pôde pôr-se também em relação a governos anteriores, cuja demissão reclamámos e que foi conseguida pela luta do povo e pelo funcionamento das instituições. Não há apenas que considerar o que se passou mas o que se poderia ter passado (...).

En­tre­tanto, de­mi­tiram-se go­vernos, mas os que lhes su­ce­deram foram ainda pi­ores.
Não se pode dizer que os que vieram em substituição dos demitidos foram sempre piores. Em alguns casos, com a demissão de governos com uma política de direita interromperam-se e paralisaram-se planos contra-revolucionários que se lançavam na fase final da sua ofensiva. Assim foi, por exemplo, o caso dos governos «AD». Se nestes anos decorridos não tivéssemos lutado pela demissão de governos que avançavam para a liquidação final das conquistas democráticas, há muito estas teriam sido liquidadas. E com elas o regime. (...)

Ob­jectam al­guns que o facto de não terem sido al­can­çados os ob­jec­tivos tra­çados mostra que não foram de­fi­nidos cor­rec­ta­mente...
Não dão mostras de grande sabedoria política aqueles que, conforme com uma já antiga observação, dizem que só se devem traçar objectivos possíveis e só são possíveis aqueles que são alcançados, Se ao longo da sua história, e mais concretamente no 25 de Abril, o Partido tivesse seguido tal critério, não só ter-se-ia condenado à expectativa, à inércia, à passividade, ao seguidismo, como a democracia portuguesa teria sofrido ainda mais fortes golpes, se é que não teria sido liquidada. (...)

Essa fra­gi­li­zação do apoio à po­lí­tica do go­verno de grande parte dos que vo­taram no PSD po­derá com­pro­meter a es­ta­bi­li­dade do go­verno? A cam­panha de Ca­vaco Silva e do PSD adoptou como tema cen­tral a es­ta­bi­li­dade e, com a mai­oria dos votos e dos de­pu­tados, pa­rece que se cri­aram con­di­ções para uma maior es­ta­bi­li­dade go­ver­na­tiva.
Para a estabilidade governativa no imediato, sim, embora a maioria na Assembleia da República não baste para garanti-la, como mostrou a queda do segundo governo da «AD» e de outros governos. (...) Com o programa avançado pelo PSD no seu «Manifesto Eleitoral» a estabilidade governativa poderá tornar-se um factor de instabilidade económica e social.

Avante! N.º 712, de 20 de Agosto de 1987

Co­o­pe­ração com ou­tras forças

O PCP de­fende a co­o­pe­ração e a uni­dade dos de­mo­cratas, mas a ver­dade é que se en­contra pra­ti­ca­mente iso­lado no quadro par­ti­dário. Todos os ou­tros grandes par­tidos têm tido e con­ti­nuam a ter formas de co­o­pe­ração ou co­la­bo­ração entre si. Mas todos eles de­claram não querer co­o­perar com o PCP. A que se deve uma tal si­tu­ação? Não re­sul­tará, como al­guns dizem, de menor acerto dos ob­jec­tivos po­lí­ticos do PCP? O de­feito será dos ou­tros ou do PCP?
A diferença fundamental (...) resulta do facto de o PCP, ao contrário dos outros partidos, defender firmemente os interesses dos trabalhadores e das massas populares, contra a exploração e a opressão dos capitalistas, e as conquistas da revolução de Abril, contra as ofensivas que todos os governos nos últimos 11 anos têm conduzido contra elas. Não se trata de defeito mas virtude.
(...) Seria fácil alcançar cooperação estreita, entendimento, acordos, unidade do PCP com outros partidos se o PCP traísse os trabalhadores, traísse a revolução, traísse as suas conquistas de significado histórico, traísse a luta heróica que levou à instauração do regime democrático que foi consagrado na Constituição da República.
Aliás os outros partidos dizem-no claramente. Dizem que o entendimento com o PCP não é possível precisamente porque o PCP é um partido consequente, um partido que sempre esteve, está e estará com o povo laborioso e jamais será um instrumento do capital para o explorar e oprimir.

Tal po­sição não ex­cluirá a pos­si­bi­li­dade de uma apro­xi­mação e ali­ança com o PS e ou­tros par­tidos de­mo­crá­ticos?
Creio que não. Muitos socialistas e militantes de outros partidos democráticos desejam a unidade tal como nós. Tudo faremos para consegui-la nos mais variados sectores da vida nacional.

As po­si­ções de di­reita do PS tornam le­gí­tima a dú­vida acerca da pos­si­bi­li­dade de um acordo entre o PCP e o PS. In­sis­tindo o PCP na ne­ces­si­dade desse acordo, não es­tará a pros­se­guir um ob­jec­tivo ina­tin­gível e a se­mear ilu­sões?
Lutamos pela unidade dos democratas, mas não semeamos ilusões. As posições de direita do PS são o caminho para novas alianças e colaboracionismos com a direita. A luta em defesa dos interesses do povo, do País e do regime democrático só pode fazer-se na base de uma política democrática e em aliança com outras forças democráticas e não na base de uma política antidemocrática de colaboração com as forças antidemocráticas.

Avante! N.º 712, de 20 de Agosto de 1987

Novos mé­todos de­mo­crá­ticos

Em al­guns ou­tros par­tidos co­mu­nistas adop­taram-se novos mé­todos de­mo­crá­ticos no Co­mité Cen­tral e em con­gressos, ad­mi­tindo-se ten­dên­cias, pla­ta­formas, grupos com os res­pec­tivos lí­deres e mai­o­rias e mi­no­rias cor­res­pon­dentes. Em al­guns par­tidos as reu­niões e de­bates são abertos à te­le­visão e im­prensa. Têm-se es­tu­dado essas ex­pe­ri­ên­cias? Que po­derão elas conter de útil para o nosso Par­tido? Po­derá o nosso Par­tido adoptá-las?
Certamente que não. A profunda e real democracia interna no nosso Partido nada tem a ver com um democratismo imitado do parlamentarismo burguês. As experiências referidas conduziram, não ao debate democrático, não ao apuramento colectivo e democrático de orientações e decisões, mas a cristalização de posições, a confrontos entre grupos candidatos à hegemonia política no Partido e entre chefes de grupos candidatos a líderes do Partido. O resultado de tais experiências está à vista. Envolvimentos dos partidos em intermináveis, absorventes e estéreis debates, concentração das energias na vida interna, afastamento das actividades práticas, perda de ligação com as massas, e como consequência de conflitos insomáveis processos administrativos, expulsões, cisões e até criação de novos partidos. Não seguiremos certamente tais caminhos.

Avante! N.º 712, de 20 de Agosto de 1987

Con­quistas his­tó­ricas do so­ci­a­lismo

O PCP é a força po­lí­tica por­tu­guesa que me­lhor co­nhece os países so­ci­a­listas. As re­la­ções entre os di­ri­gentes, o in­ter­câmbio, as de­le­ga­ções, não for­ne­ceram ele­mentos que per­mi­tissem mi­ni­ma­mente prever a gra­vi­dade de si­tu­a­ções que con­du­ziram às crises ac­tuais?
O PCP há muito tinha discernido situações, orientações e fenómenos negativos na vida partidária e no Estado e na vida política e social de países socialistas embora desconhecesse toda a sua extensão e gravidade. Os acontecimentos de 1989 creio que ninguém os previu. A orientação seguida teve um duplo aspecto. Por um lado, o nosso exame crítico dessas situações, orientações e fenómenos negativos foi tido em conta no nosso próprio Programa, nos nossos próprios objectivos democráticos e socialistas para Portugal, na nossa própria vida partidária e na concepção e na prática do enraizamento e ligação com os trabalhadores e as massas populares. Este posicionamento é parte integrante dos documentos de fundo do nosso Partido e permito-me lembrar alguns dos seus desenvolvimentos num livro anterior aos processos de reestruturação nos países socialistas: «O Partido com Paredes de Vidro». Por outro lado, não tomámos posição crítica pública em relação aos partidos comunistas e operários e à situação nesses países. Vê-se que confiámos demasiado nas possibilidades de correcção de orientações e de uma evolução positiva nesses países.

Não terá sido um erro da di­recção não in­formar o Par­tido das suas apre­ci­a­ções crí­ticas?
Os próprios acontecimentos nos indicam que teria sido necessário informar melhor o Partido. (...)

A pro­pa­ganda an­ti­co­mu­nista toma ac­tu­al­mente como suas li­nhas de força, por um lado, a afir­mação da fa­lência com­pleta do pro­jecto so­ci­a­lista e co­mu­nista, por outro lado, a afir­mação dos pro­gressos re­gis­tados pelo ca­pi­ta­lismo como único sis­tema capaz de re­solver os ac­tuais pro­blemas da hu­ma­ni­dade.
A situação mundial e os acontecimentos não permitem tais conclusões. Nós avaliamos de forma crítica os atrasos, os erros, os desvios verificados em países socialistas. Insistimos no carácter imperativo de encontrar novos caminhos e novas soluções. Mas insistimos também em sublinhar o avanço de alcance histórico obtido pelas transformações realizadas desde Outubro de 1917 com as revoluções socialistas e o impulso determinante que estas deram (pela sua obra de transformação social, pelo seu ideal e pela sua activa solidariedade) às vitórias históricas alcançadas no nosso século pelos trabalhadores e pelos povos na sua luta de libertação, designadamente ao ruir do sistema colonial e à conquista de independência por povos de África, Ásia e América.
Seria um erro considerar que o ideal libertador dos comunistas deixou de ter perspectivas no mundo (...).

Avante! N.º 836, de 4 de Ja­neiro de 1990

Pa­trió­tico e in­ter­na­ci­o­nista

Estas vi­sitas ao Ori­ente sig­ni­ficam que a Ásia se tornou uma di­recção pri­o­ri­tária das ac­ti­vi­dades e re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais do Par­tido?
Não. As relações internacionais do nosso Partido são muito diversificadas e abrangem todos os continentes. (...) Em correspondência com a linha que traçámos, actuamos para o reforço das relações de amizade e cooperação dos partidos comunistas, assim como com outras forças revolucionárias. Procuramos dar uma contribuição para a recuperação do movimento comunista. Estão mesmo em desenvolvimento relações com partidos que no Leste mudaram de nome e de programa. A Festa do Avante!, que se realiza em 6, 7 e 8 de Setembro próximo, dará entretanto um quadro, surpreendente para muitos, das vastíssimas e sólidas relações de amizade e cooperação do PCP com outros partidos e forças progressistas do mundo.

Sa­bendo-se que, de uma ma­neira geral, se têm afrou­xado no mundo os laços de ami­zade e co­o­pe­ração de par­tidos co­mu­nistas e ou­tras forças re­vo­lu­ci­o­ná­rias, o que ex­plica a in­tensa ac­ti­vi­dade in­ter­na­ci­onal do PCP?
Duas razões. Uma, porque o PCP, partido patriótico que é, é também, como sempre se tem afirmado, um partido consequentemente internacionalista. Outra, porque, num momento histórico em que a causa da libertação dos trabalhadores e dos povos sofre sérios reveses e corre graves perigos, é mais necessária que nunca a solidariedade recíproca dos comunistas, forças revolucionárias e forças progressistas de todos os países. Outros partidos têm, sem dúvida, mais importantes meios para a assumpção de tal posicionamento e o desenvolvimento de tal actividade. O PCP fá-lo com a modéstia das suas possibilidades, mas com a força da sua convicção. Cremos ser uma contribuição útil.

Avante! N.º 919, de 1 de Agosto de 1991

A re­vo­lução tomou a PIDE

Muitas pes­soas, so­bre­tudo nas jo­vens ge­ra­ções, des­co­nhecem o que se passou no 25 de Abril. E in­ter­rogam-se: como foram pos­sí­veis des­vios dos do­cu­mentos de que se fala? As au­to­ri­dades re­vo­lu­ci­o­ná­rias não to­maram o con­trolo das ins­ta­la­ções, armas, do­cu­men­tação e ar­quivos da PIDE?
O poder ins­ti­tuído a se­guir ao der­ru­ba­mento da di­ta­dura em 25 de Abril de 1974, no­me­a­da­mente a Junta de Sal­vação Na­ci­onal, de­veria tê-lo feito, mas não o fez. Como é sa­bido, o Pre­si­dente da Junta, ge­neral Spí­nola, tentou manter a PIDE/​DGS no exer­cício das suas fun­ções. Logo no dia 26 in­formou o País de que «tinha cha­mado a atenção da DGS» e a DGS «pas­sará a agir por forma a que não me­reça mais quais­quer re­paros do povo por­tu­guês». E tentou no­mear um novo di­rector-geral. Se, em Abril de 1974, a PIDE/​DGS não con­ti­nuou em fun­ções, foi porque, con­tra­ri­ando tais pro­pó­sitos e in­di­ca­ções, o povo e mi­li­tares re­vo­lu­ci­o­ná­rios cer­caram e to­maram de as­salto as ins­ta­la­ções da PIDE, pren­deram os agentes, to­maram conta das armas e dos ar­quivos. Quem não com­pre­enda ou queira es­quecer que foi uma re­vo­lução mi­litar e po­pular que pôs fim à di­ta­dura e ins­taurou a de­mo­cracia, ou não com­pre­ende ou fal­si­fica os dados fun­da­men­tais desse mo­mento glo­rioso da his­tória do povo por­tu­guês e de Por­tugal.

O mesmo se pode dizer da li­ber­tação dos presos po­lí­ticos. Não foram li­ber­tados por ordem da Junta, mas porque os an­ti­fas­cistas, o povo e mi­li­tares por ini­ci­a­tiva pró­pria cer­caram as pri­sões e os li­ber­taram...
Exacto. É outro exemplo, que fa­zemos bem lem­brar, da li­qui­dação da di­ta­dura e do seu apa­relho re­pres­sivo pela re­vo­lução de­mo­crá­tica. Fa­lando ainda da li­qui­dação da PIDE, são também de lem­brar acon­te­ci­mentos co­nhe­cidos mas por muitos ig­no­rados ou es­que­cidos: os pides en­trin­chei­rados, res­pon­dendo ao cerco dos po­pu­lares com ti­ro­teio de que re­sul­taram mortos, quei­mando do­cu­mentos en­quanto ti­veram tempo. De­pois, o as­salto às ins­ta­la­ções e a sua in­vasão e ocu­pação. Era na­tural e até ine­vi­tável, num tal pro­cesso, a busca nos ar­quivos de es­cla­re­ci­mentos e provas das tor­turas, dos as­sas­si­natos e de ou­tros crimes. É ge­ral­mente sa­bido que se deu nesses dias e mesmo nos tempos se­guintes uma ver­da­deira ocu­pação e in­vasão das ins­ta­la­ções da PIDE (in­cluindo os ar­quivos) por pes­soas das mais va­ri­adas ten­dên­cias po­lí­ticas.

Estás assim a ad­mitir que, logo após o 25 de Abril, tenha ha­vido como que um as­salto in­con­tro­lado aos ar­quivos da PIDE?
Não só ad­mito. Tenho por certo. E não é uma cer­teza que seja eu o único a afirmar. Isto é co­nhe­cido e afir­mado desde essa época por toda a gente co­nhe­ce­dora da si­tu­ação. Os ar­quivos da PIDE eram jus­ta­mente con­si­de­rados como ele­mentos de ca­pital im­por­tância para o co­nhe­ci­mento do apa­relho fas­cista de per­se­guição e terror, para co­nhecer o âmago dos crimes pra­ti­cados e os seus res­pon­sá­veis. Era também le­gí­timo querer saber quem eram os in­for­ma­dores e au­xi­li­ares que co­la­bo­ravam com a PIDE. De cer­teza houve desvio de do­cu­mentos com os mais va­ri­ados des­tinos por muitas ini­ci­a­tivas in­di­vi­duais es­pon­tâ­neas não con­tro­ladas.

Avante! N.º 1356, de 25 de No­vembro de 1999,
re­to­mando a en­tre­vista pu­bli­cada no
Avante! N.º 1088, de 13 de Ou­tubro de 1994


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